O design chega ao MICBR+Ibero-América 2025 com presença marcante — não apenas pela força estética, mas pela consistência conceitual e simbólica que caracteriza a produção brasileira. Entre 3 e 7 de dezembro, em Fortaleza (CE), o setor ocupa espaço estratégico no maior encontro de negócios e formação das indústrias criativas da América Latina, reafirmando seu papel como linguagem visual, ferramenta cultural e motor de inovação dentro do ecossistema criativo do país.
Do design que nasce do afeto e das memórias cotidianas do Ceará, passando pelas estéticas de resistência urbana do Centro-Oeste, até as narrativas agroecológicas e comunitárias que vêm do Sul, o que se vê é um setor que não deseja apenas ser visto — deseja ser entendido. E o MICBR+Ibero-América 2025, com sua proposta de internacionalização, formação e geração de oportunidades, se torna o palco perfeito para isso.
A designer, ilustradora e diretora de arte Dedê Oliveira chega ao Mercado levando seu projeto Colecionáveis Culturais Cearenses, uma série de objetos que ressignifica elementos do cotidiano e transforma memória em colecionável. Ela é uma dos 24 vendedores selecionadas nesta edição. “A alma do meu trabalho é a valorização do imaginário popular”, afirma. Para ela, design não é só estética: é território, identidade, história.
Em suas criações, Dedê parte do artesanato — crochê, palha, barro, trançados — para construir narrativas visuais contemporâneas que fogem da estética folclórica e abraçam a complexidade do que é viver no Nordeste hoje. “O risco de virar folclórico existe quando a gente copia a aparência sem entender o sentido. Eu começo sempre pela história”.
Participante de edição 2023, ela retorna com o projeto amadurecido, agora impulsionado por edital da Secult Ceará, e apresenta também sua empresa, a Cardume, estúdio voltado à produção cultural e economia criativa. “O MICBR abre portas. Quando a gente entra em diálogo com o mundo, a gente cresce”.
Do Centro-Oeste, João Gabriel Ferré, da Mídia Resist, leva para o MICBR um design de posicionamento firme. Suas colagens digitais tratam de ancestralidade negra, crítica social e reconstrução de imaginários. “A alma do meu trabalho está nas colagens virtuais que contam histórias de resistência. Quero dar visibilidade a quem normalmente não é visto.”
Seu repertório visual bebe de manifestações populares, religiosidades afro-brasileiras, histórias orais, feiras de rua, rodas culturais e vivências comunitárias. Referências como Dandara, Aqualtune e Tereza de Benguela aparecem em suas obras como protagonistas de um Brasil que nem sempre chega aos livros, mas que resiste no território.
Para João Gabriel, o MICBR não apenas abre portas — ele sustenta trajetórias: “O networking da última edição me ajudou demais. Volto porque sei que o evento amplia conexões e fortalece meu trabalho de forma real”.
MICBR+Ibero-América
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor. O patrocínio é da Caixa Econômica Federal. Apoio do Sistema S e da Fecomércio.
Realizado em Fortaleza (CE), de 3 a 7 de dezembro, o MICBR+Iberoamérica combina atividades de formação — mentorias, oficinas, palestras e mesas redondas — com oportunidades de negócios, como rodadas, apresentações de projetos, showcases e momentos de networking. A iniciativa celebra a força da cultura brasileira e reafirma o papel estratégico da economia criativa no desenvolvimento sustentável, na integração regional e na valorização da diversidade cultural.






