A recente morte da modelo e influenciadora digital brasiliense Aline Maria Ferreira, de 33 anos, após passar por um procedimento estético em uma clínica de Goiânia chamou atenção para os riscos do PMMA (polimetilmetacrilato). Segundo familiares, a modelo sofreu uma infecção generalizada após aplicação da substância.
O caso de Aline não é o primeiro a gerar alarde no setor da saúde. Em fevereiro deste ano, um procedimento malsucedido realizado por Mariana Michelini, de 35 anos, viralizou nas redes sociais, alertando para os efeitos negativos do PMMA. A mulher havia realizado o preenchimento em 2020 e acabou perdendo a parte superior dos lábios. A mulher acreditava ter feito preenchimento com ácido hialurônico, no entanto, seis meses depois, acordou com o rosto inchado e dolorido e descobriu que a substância injetada em seu rosto era, na verdade, PMMA.
Após identificar a real substância utilizada, Mariana consultou dermatologistas que prescreveram corticoides e antibióticos, mas sem sucesso. Um novo especialista revelou que os microplásticos haviam migrado para a área do buço. Como resultado, ela foi encaminhada a um cirurgião plástico para remover a região do lábio superior e do buço. Em dezembro de 2023, Mariana passou pela primeira cirurgia de reconstrução dos tecidos e ainda deve realizar mais procedimentos na região.
A cirurgiã dentista Juliana Manzi, da JS Manzi Odontologia esclarece que o polimetilmetacrilato (PMMA) é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que não é indicado de forma alguma para harmonizações faciais. “Embora a Anvisa autorize o PMMA, sua composição pode provocar reações inflamatórias, resultando em deformidades, necrose dos tecidos e comprometer o sistema vascular. A remoção desse material é possível apenas por meio de cirurgia. Por isso, não utilizo e desaconselho seu uso em qualquer situação,” explica a Dra. Juliana.
A Anvisa só recomenda o uso do PMMA em dois casos específicos: a correção de lipodistrofia em pessoas com HIV e a correção volumétrica. A lipodistrofia, comum em pacientes que usam terapia antirretroviral por longo período, causa perda de gordura em áreas específicas do corpo, e o PMMA ajuda a restaurar o volume perdido, melhorando a aparência e a qualidade de vida desses pacientes. Já a correção volumétrica abrange a reparação de defeitos congênitos ou adquiridos, como cicatrizes profundas e deformidades resultantes de traumas.
Para procedimentos como harmonização facial e preenchimento labial, a substância indicada é o ácido hialurônico. “Naturalmente presente no organismo humano, o ácido hialurônico tem ganhado destaque nos tratamentos estéticos devido à sua eficácia e segurança. Utilizado amplamente em procedimentos de harmonização facial, esse componente é conhecido por suas propriedades hidratantes e volumizadoras, sendo capaz de rejuvenescer a pele e corrigir imperfeições de forma minimamente invasiva”, explica a cirurgiã dentista Dra. Juliana Manzi.
A especialista explica que o produto deve ser injetado em áreas específicas do rosto para suavizar linhas de expressão, rugas e sulcos profundos, como o conhecido “bigode chinês” (sulco nasogeniano). Além disso, é eficaz na restauração de volumes perdidos com o envelhecimento, como nas maçãs do rosto, lábios e olheiras. “O ácido hialurônico é um aliado na busca por uma aparência mais jovem e revitalizada, pois além de preencher, ele também estimula a produção de colágeno, melhorando a textura e a elasticidade da pele”, destaca Juliana.
Contudo, ela alerta que o ácido hialurônico é contraindicado em raros casos de alergia à substância e em pacientes com doenças autoimunes, sendo essencial uma avaliação prévia detalhada. Para realizar procedimentos estéticos com segurança, a cirurgiã dentista enfatiza a importância de escolher um profissional qualificado. “É fundamental que o paciente verifique a experiência e capacitação do profissional antes de qualquer intervenção estética. O protocolo deve ser explicado de forma clara e segura. Hoje, é mais fácil acessar o histórico e a trajetória dos profissionais, observando técnicas, credibilidade e resultados de outros pacientes”, sugere a especialista.