Para as mulheres, gravidez é sempre um marco em suas vidas, especialmente àquelas que deixaram para ter filhos após a idade considerada ideal, 35 anos. Adiar a maternidade tem sido uma tendência cada vez mais frequente. O índice de gravidez tardia aumentou bastante nos últimos anos, segundo revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Só para se ter uma ideia, o número de grávidas com idade entre 30 e 39 anos saltou de 22,5% para 30,8% na última década. De acordo com dados do Sinasc (Sistema de Informações de Nascidos Vivos) nas mulheres acima de 50 anos, o crescimento foi 40% no período entre 2007 e 2015, conforme o registro de nascidos vivos da rede pública e privada de saúde. Somente no último ano, foram registrados 316 nascimentos de mães com mais de 50.
A professora Cristiane Paiva entrou para essa estatística há oito meses. Aos 43 anos, após quatro perdas consecutivas, ela conseguiu engravidar e agora se prepara para dar à luz ao segundo filho. Apesar do receio com a idade, ela não desistiu e garante que tem uma gravidez normal, “o que me motivava é que eu nunca senti minha família completa, eu não queria ter apenas um filho”, explica a professora.
Cristiane conta ainda que a notícia foi muito bem recebida por familiares e amigos. Feliz, agora ela espera motivar outras mulheres que estão tentando engravidar ou que pensam não ter mais chance. “Além dos médicos estarem bem preparados, essa é uma realidade cada vez mais comum, a medicina nos dá essa segurança”, completa.
A ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal, Dra. Cybelle Bertoldo Santos, do Centro de Medicina Fetal (Cemefe), explica como a medicina tem avançado para dar suporte às novas mamães. “Hoje nós podemos realizar testes de fertilidade, aplicar o método de rastreamento de malformação de fetais. Também as ecografias morfológicas avançaram muito, com aparelhos cada vez mais melhores”, ressalta a especialista.
Vale lembrar que a gestação tardia pode acarretar o aparecimento de diversas complicações para a saúde, como hipertensão arterial, diabetes, abortamento, malformações fetais e agravamento de doenças crônicas pré-existentes. Para tanto, Dra. Cybelle aconselha a manutenção de uma boa saúde física e mental, com exames regulares, prática de atividades físicas e boa alimentação.
A médica reforça ainda que a possibilidade de gerar uma criança perfeitamente saudável e ter uma gestação segura e tranquila não é exclusividade das gestantes mais novas. “Se a mãe tem uma boa saúde, passa por exames e os cuidados pré-natais adequados, tem um peso e uma alimentação saudáveis, a perspectiva de ter uma gestação tão boa quanto a de mulheres mais novas, é completamente possível”, finaliza.