A sociedade utiliza o vidro no seu cotidiano desde eras anteriores. Consta que os egípcios provavelmente o inventaram, há pelo menos seis mil anos e o uso do material permeou pela fabricação de pequenos objetos até chegar à confecção de mobiliários.
No século XX, o vidro passou a desempenhar o papel de protagonista da arquitetura, por conta de suas inúmeras possibilidades estéticas e, com o avanço tecnológico, começou a alcançar o mercado da construção civil. Atualmente, o material agrega sua versatilidade a diversos momentos da nossa rotina, evoluindo cada vez mais as suas formas, suas funcionalidades e se transformando em um material essencial ao nosso dia a dia.
Na construção civil, o vidro tornou-se popular bem depois de sua disseminação na confecção de utensílios e, ao longo dos séculos, o vidro plano (em lâmina) foi sendo gradativamente adotado porque era transparente e estável e oferecia a oportunidade de trazer luz para dentro dos ambientes, sem que fosse necessário abrir as janelas.
Esteticamente, hoje temos vidros de variadas cores, índices de reflexão e espelhamento, além de diversas dimensões, podendo alcançar vários metros, tanto em altura quanto na largura. Quanto mais qualidades técnicas e estéticas são acrescentadas aos vidros, mais se ampliam as possibilidades e recursos da arquitetura ao utilizá-los.
Em Brasília, é possível apreciar em diversas edificações a possibilidade do uso de lâminas de vidro de maiores dimensões, aliadas à disponibilidade de esquadrias mais modernas, dando ao material um verdadeiro protagonismo na arquitetura contemporânea. Um exemplo é o recém-inaugurado ION Escritórios Inteligentes, implantado na Asa Norte, projetado pelo escritório Dávila Arquitetura. A edificação envidraçada, que reúne qualidades técnicas e estéticas, recebeu o Prêmio Master Imobilário Nacional e traz em sua forma emblemática essa nova geração arquitetônica.
Segundo a arquiteta Ana de Paula Fonseca, diretora da Dávila, a solução plástica do ION só foi possível com a utilização do vidro. “O volume movimentado do ION está fundamentado em questões funcionais e plásticas. Por um lado, nós o utilizamos para que os usuários usufruam de abundante luz natural nos espaços comuns e aproveitem a vista do entorno e, também, dos exuberantes jardins internos. Por outro lado, a maneira como o vidro foi usado, ora em conjunção com brises, ora definindo ele mesmo brises em ‘zig zag’ cumpriram papéis como regulação da incidência solar e solução estética para cômodos técnicos. A maneira como a fachada se ‘comporta’, às vezes mais plácida, às vezes mais movimentada, é uma solução que está intimamente atrelada ao uso do vidro, assim como os planos com inclinação negativa na extremidade de alguns blocos. Outros materiais não provocariam o mesmo efeito funcional e plástico,” explica.
De acordo com a profissional, a importância do vidro para empreendimentos como o ION está em sua capacidade de atender aos mais variados requisitos, através de sua versatilidade e maneabilidade. “O vidro, como o que especificamos para o ION, é um material capaz de atender a várias demandas contemporâneas – desde privilegiar a iluminação natural a resguardar a temperatura interna, com reflexos na economia de sistemas de condicionamento de ar. Os vidros contemporâneos são também muito seguros para os usuários e contribuem para manter a fachada em boas condições por muito mais tempo, frequentemente ao longo de toda a vida útil do empreendimento e com uma ótima relação custo x benefício em termos de manutenção”, aponta Ana de Paula.
Uma fachada em vidro como a utilizada neste empreendimento tem um alto grau de padronização que pode ser previamente fabricada, para ser apenas montada in loco e esta racionalização da construção é uma das vantagens ao se utilizar o vidro, como destaca Ana de Paula. “As novas tecnologias relacionadas ao vidro permitem uma velocidade construtiva impressionante. Tudo isso impacta positivamente na qualidade do acabamento, nos custos da obra e no prazo de entrega”, afirma.
A arquiteta da Dávila argumenta que o vidro é um material que, em primeiro lugar, atende questões construtivas, cumprindo as questões técnicas relacionadas ao conforto ambiental e à sustentabilidade. Ao mesmo tempo, em sua versão moderna, sua utilização traz muitas vantagens plásticas. “A arquitetura trata de aspectos funcionais e, também, estéticos e deve agregar valor ao local onde está inserida. Nossa percepção, desde o início, era a de que o ION deveria ter uma fachada diversificada e movimentada, assim como sua planta é movimentada. Ao mesmo tempo é um complexo que provoca, que estimula o usuário a percorrê-lo tanto com os olhos, quanto fisicamente, deslocando-se através do edifício. Ainda por cima, seus vidros refletem os jardins, o entorno e o céu, sempre de uma forma surpreendente, rica e sempre diferente. E o vidro foi fundamental na solução”, encerra Ana de Paula.